sexta-feira, 24 de abril de 2009












quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia Mundial do Livro

23 de Abril, Dia Mundial do Livro


Comemora-se, desde 1996, por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de S. Jorge, o Dia Mundial do Livro. A esta data está também ligado um costume Catalão, segundo o qual, os homens oferecem rosas vermelhas às mulheres e recebem, em troca, livros.
Nesta data, é, ainda, prestada homenagem à obra dos grandes escritores, Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exactamente a 23 de Abril.



Numa data que visa homenagear O LIVRO, a biblioteca destaca os livros mais lidos:

LIVROS MAIS LIDOS

O Principezinho
Um Crime no Expresso do Oriente
Harry Potter
A Soma dos Dias
Uma Aventura…
Vovô Tsongonhana

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ó Cesário Verde, ó Mestre!

Cesário Verde


(...)Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas...(...)



A PESTE

…a Febre / E o Cólera também andaram na cidade


José Anastácio Verde tem uma loja de ferragens na Rua dos Fanqueiros, em Lisboa. É, igualmente, dono de uma quinta em Linda-a-Pastora. Em 1852 casa com Maria da Piedade dos Santos. O casal vai morar num prédio na Rua da Padaria, próximo da velha Sé de Lisboa. Em 1853, nasce Maria Julia, a primogénita. Em 1855, o segundo filho, José Joaquim CESÁRIO. E, no ano seguinte, Adelaide Eugénia, menina que morrerá tuberculosa. Em 1858, Joaquim Tomás, o quarto filho. E, finalmente, em 1862, Jorge, o quinto e último filho.
Próximo da Rua da Padaria há um arco escuro onde se acumulam excrementos e cabeças de peixe. A Baixa de Lisboa é toda assim, não lhe faltam focos de infecção em becos e vielas. No Verão de 1857, surge a febre amarela, que ceifa a vida dos lisboetas. A família decide abandonar a capital e refugia-se na quinta de Linda-a-Pastora.

Cesário recorda a fuga:

(...)Foi quando em dois verões, seguidamente, a Febre
E o Cólera também andaram na cidade,
Que esta população, com um terror de lebre,
Fugiu da capital como da tempestade.

Ora meu pai, depois das nossas vidas salvas,
(Até então nós só tivéramos sarampo)
Tantos nos viu crescer entre uns montões de malvas
Que ele ganhou por isso um grande amor ao campo!

Se acaso o conta, ainda a fronte se lhe enruga:

O que se ouvia sempre era o dobrar dos sinos;
Mesmo no nosso prédio, os outros inquilinos
Morreram todos. Nós salvámo-nos na fuga.(...)

Sem canalizações, em muitos burgos ermos,
Secavam dejecções cobertas de mosqueiros.
E os médicos, ao pé dos padres e coveiros,
Os últimos fiéis, tremiam dos enfermos!

Uma iluminação a azeite de purgueira,
E noite, amarelava os prédios macilentos.
Barricas de alcatrão ardiam; de maneira
Que tinham tons d’inferno outros arruamentos.(...)

E o campo, desde então, segundo o que me lembro,
É todo o meu amor de todos estes anos!
Nós vamos para lá; somos provincianos,
Desde o calor de Maio aos frios de Novembro!

Poemas:

- “Bairro Moderno”;“Contrariedades”; “O sentimento dum Ocidental”; “Cristalizações”; “Nós”; “De Tarde”; “Em Petiz”; “Deslumbramentos”; “Vaidosa”; “Esplêndida”; “Frígida”; “A Débil”.

A 19 de Julho, Jorge, o último dos irmãos, pergunta a Cesário:
“- Queres alguma coisa?
- Não quero nada. Deixa-me dormir. “


São as últimas palavras do poeta.

No ano seguinte, o seu amigo, Silva Pinto, edita O LIVRO DE CESÁRIO VERDE. Contém 37 poemas, cento e muitas páginas, contando a primeira edição com 200 exemplares.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pascoa, Pascua, Pasqua, Pâques...


A origem da palavra Páscoa

A Páscoa é, de acordo com o Dicionário Onomástico-Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, a «Grande festa judaica e cristã, esta a comemorar a Ressurreição de Jesus Cristo. Do latim vulgar 'pascua', atestado nas glosas, alteração do latim eclesiástico 'Pascha', por cruzamento com 'pascua', «alimento (propriamente "pasto")», pois a Páscoa põe fim ao jejum da Quaresma; aquele latim 'Pascha' provém do grego 'páscha', forma documental na versão dos Setenta (que significa: «a Páscoa, festa judaica e cristã; "em particular", a refeição da Páscoa; o anho pascal»), com origem no hebreu "pasach", que propriamente significa "passagem" e designa a festa celebrada em recordação da saída do Egipto (...); serviu depois para designar a festa cristã celebrada em honra da Ressurreição de Jesus Cristo, por motivo da coincidência das datas.»

A Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura (Editorial Verbo, Lisboa) diz, ainda, o seguinte sobre Páscoa: «O seu significado etimológico é incerto. Alguns procuram-no em raiz egípcia e, nesse caso, significaria “golpe”, “ferida”. Há quem prefira ligar a palavra ao siríaco e então significaria “ser feliz”, “estar alegre”. Designaria portanto a festa de júbilo por excelência. Entretanto o significado geralmente aceite é o que adquiriu no hebraico bíblico: “saltar”, “passar adiante”. Primariamente Páscoa designaria uma dança ritual (‘I Re.’, 18,21); aplicar-se-ia também o termo à passagem do Sol pela constelação do Carneiro ou da Lua para o seu zénite. Por fim impôs-se o significado que lhe dá Ex. 12, 12-27: a “passagem” de Javé ao dar a morte aos primogénitos dos egípcios, “saltando” por cima das casas dos hebreus a quem poupou. No TM “pesah” designa o rito sagrado (49 vezes) ou a própria vítima (31 vezes) ou refere-se simultaneamente ao rito e à vítima (2 vezes). Não se sabe exactamente quando começou e em que consistiria na sua origem, antes de estar unida à festa dos Ázimos. Tudo leva a crer que era anterior a Moisés. Seria a festa que os israelitas desejavam celebrar quando tentaram sair do Egipto com os seus rebanhos (Êx. 3, 18; 5, 3; 7, 16). O texto sugere-nos mesmo que se julgavam obrigados a tal celebração (Êx. 8, 21-25). Admite-se geralmente que era comum às tribos semitas e estava ligada à vida nómada e pastoril. Era festa das primícias dos pastores. Ofereciam à divindade os primogénitos do rebanho, talvez com um sentido propiciatório e para afastarem doenças ou malefícios sobre a família ou sobre os rebanhos. (...).»

Cancioneiro da Biblioteca Nacional 490, Cancioneiro da Vaticana 73

Cantigas de Santa Maria

Com'eu en día de Pascoa quería ben comer

Com'eu en día de Pascoa quería ben comer,
assí quería bõo son e ligeiro de dizer
pera meestre Joán.

Assí com'eu quería comer i de bõo salmón,
assí quería ao Avangelho mui pequena paixón
pera meestre Joán.

Assí como quería comer que me soubesse ben,
assí quería bõo son de seculorum amen
pera meestre Joán.

Assí com'eu bevería do bõo vinho d'Ouréns,
assí eu quería bõo son de O cunctipotens
pera meestre Joán.
Afonso X, séc. XIII

terça-feira, 7 de abril de 2009

SUAVES MELODIAS

CHEGAMOS, NUMA MANHÃ DE PRIMAVERA,

COMPONDO BELAS MELODIAS...

Está hoje um dia de sol

Está hoje um dia de sol e eu gosto de sol.
Um dia de luz e calor, que vem
Neste resto de Inverno, iluminar-me a alma
E o coração. Trás consigo lembranças
Outrora esquecidas, e olhando o azul do céu,
Encontra-me atrás do vidro grande da janela do meu quarto.

Quando o silêncio enche o campo

Eu queria olhar os pássaros
Chegados numa manhã
De Primavera, entoando
Suaves melodias.
Que me lembram histórias
De fadas e todo um mundo
De cor e fantasia, que o meu
Coração esqueceu,
Nem o poderia fazer nunca,
Pois esse mundo faz
Parte de mim, de quem sou,
Quando o silêncio enche o campo.


Rita Cordeiro, Turma H, 11º Ano


Quando a alma absorvia amor somente.

Quando tudo era belo e harmonioso,
Quando o mundo não esboçava o tormento,
Mas agora, com esse olhar perigoso,
Retiras-me as forças, o alento.
E agora, olha para os meus,
Tenta decifrar a mensagem:
Um sonho de aberta felicidade,
Que afinal não passou de uma miragem.

E assim, entre lágrimas infinitas,
Lembro tudo o que já vivi.
Mas digo o que sinto, em palavras bonitas:
Tropeço de ternura por ti.

Ana Sofia Fonseca, Turma H, 11º Ano

Está hoje um dia de sol e eu gosto de sol.
Mas hoje não consigo observá-lo em toda a sua beleza,
Algo me impede de sorrir, o mundo, lá fora,
Por muito sol que haja, vai perdendo sua luz
E agora, já nada do que vejo me seduz.

Com todas estas tempestades de ideias,
De palavras e sentimentos, fui-me envolvendo
Numa esfera pouco chamativa, quase sem ar
E agora, como posso apreciar o sol
Se já nem este me consegue libertar?
/…/
Liliana Cardoso, Turma H, 11º Ano

MELODIAS DE COR E FANTASIA



Nos teus olhos altamente perigosos

Reparo num oceano de certezas,
Transpiram raios fogosos
Persistentemente comparados a fortalezas.
Um olhar tão expressivo, como um de um louco,
Como uma golfada de ar que me tira deste sufoco.
Preta Íris que respira sinceridade,
Que transforma em mulher,
Uma menina de pouca idade.
Como uma antítese, que combina
Força e suavidade.
Um sentimento que perdura,
Que me torna segura, aliada
A um tropeço de ternura por ti.

Sílvia Lopes, Turma H, 11º Ano

O ESCRITOR VEM À ESCOLA



No dia 10 de Março, veio à nossa escola, o escritor Augusto Carlos.

Foi um final de tarde muito agradável, em que o escritor interagiu com os alunos. A palestra foi particularmente importante, pois, mostrou-nos um escritor, calmo e sereno, preocupado em relatar nos seus livros a sua infância e experiência de vida, sempre numa perspectiva pedagógica, salientando que gosta de fazer bem aos outros, como de si próprio se tratasse.

Lições de vida de Vovô Tsongonhana

A Liberdade

…eu queria ser livre! E quando um homem quer ser livre, quem o poderá prender? A sua mente é do tamanho do Universo, vai até onde quiser… /…/
A liberdade é pôr a cabeça a pensar e eu pensei assim: “Tsogonhana, tu já trabalhaste que nem um cão! Contudo ainda continuas amarrado com uma trela. Descobre o que é essa trela que te amarra…”
Aí tudo ficou muito claro para mim: estavam a fazer comigo o que se faz ao burro, quando queremos que ele puxe a carroça. Prendemos uma cenoura numa vara e colocamos a dita à frente do seu focinho, mas nunca deixamos que este toque na cenoura… Assim ele continua a andar… a andar… Mesmo cansado, continuará a andar…
Como fazer para comer a cenoura?
A resposta é não querer comer aquela cenoura! Não vamos morrer por causa de cenouras como aquela. Vamos descobrir as nossas próprias cenouras… E comê-las calmamente.
Como descobrir as nossas próprias cenouras?
Deves recorrer à tua mente (ela é do tamanho do universo), às tuas capacidades, aos teus conhecimentos, seguir os ensinamentos e proceder às aprendizagens que conduzem à liberdade…
Aprendeste a fazer as tuas obras (estatuetas) e vais vendê-las, com esse dinheiro, estás a alimentar-te e a vestir-te. Não dependes de ninguém. Depois podes ir caçar, pescar trabalhar no campo, usufruir da natureza… Essas são as tuas cenouras, a tua liberdade…

As meias verdades ou mentiras

Tens visto o avô ler o jornal, ouvir as notícias. /…/
Há uma coisa muito importante: há os fazedores de notícias…
- Fazedores de notícias, avô?
- Sim, meu neto!
É preciso estarmos atentos, saber ler os jornais, ouvir as notícias e distinguir a diferença entre a verdade e aquilo que a alguém interessa que nós acreditemos ser a verdade. Por vezes, há as meias verdades e até as mentiras – depende dos interesses envolvidos…

O sonho

…é bonito ver o Homem juntar-se para defender os interesses do grupo. O mundo é só um. Quando o meu sonho se realizar, seremos todos cidadãos do mesmo país que é este pequeno mundo! Nesse país global fará sentido falar de liberdade para cada cidadão. Aí, cada um se sentirá defendido para poder dar largas à sua realização como homem ou mulher…
…chegaria finalmente o tempo em que o homem veria a solidariedade como um sentimento natural…Haveria carinho, lar, família, comida, educação… Todos teriam hipótese de se realizarem como seres humanos…

A esperança

Eu haveria de estar descansado, se o homem já tivesse amadurecido, se pensasse no bem-estar dos outros, que todos temos família e que gostamos de lhe dar boas condições, que as coisas devem servir o homem e este não deve ser escravo das coisas…
… a solução mais simples era defender os interesses de todos, colocar a pessoa acima do lucro, colocar a máquina ao serviço do homem, para que este pudesse ser mais livre e pudesse ser um ser humano.
Em resumo: a democracia deveria proporcionar o império do amor e da solidariedade…
Mas tenho esperanças e medos. Vejo que as palavras bonitas dos políticos não correspondem aos factos…usam as palavras como lhes convém…e o povo continua sem perceber… Esse povo tem cada vez menos dinheiro, esse povo tem de se desenrascar, comendo coisas mais baratas, tenta matar a fome e está a dar cabo da saúde. Ainda são novos e já estão doentes, não se apercebem que estão a engordar, tão novos, mas já doentes…Passam a ser puros consumidores… Mas como não querem pensar, continuam felizes, achando-se livres...
FL